Na manhã desta quarta-feira (23), a frente do hospital DF Star, em Brasília, se transformou em um espaço de fé, emoção e apoio político. O motivo? O ex-presidente Jair Bolsonaro, internado após passar por uma cirurgia para tratar uma obstrução intestinal, recebeu orações públicas em uma missa celebrada pelo Padre Kelmon.
A cena chamou atenção não apenas pelo simbolismo religioso, mas também pelo forte apelo emocional e político presente no ato. Padre Kelmon, que ganhou notoriedade ao disputar a presidência em 2022, foi o responsável por conduzir a celebração que reuniu dezenas de apoiadores do ex-presidente.
Logo no início, o sacerdote fez um apelo emocionado por misericórdia, pedindo a intercessão divina pela recuperação da saúde de Bolsonaro. O ambiente, embora simples, estava carregado de significados. Camisetas verde-amarelas, bandeiras do Brasil e cartazes com dizeres como “Anistia já” compunham o cenário.
Mas o que tornou esse momento tão marcante?
Além das orações pela saúde do ex-presidente, a missa teve uma conotação clara de protesto e reafirmação de valores. O trecho bíblico escolhido por Padre Kelmon abordava a justiça diante da corrupção, reforçando o discurso frequente entre apoiadores de Bolsonaro sobre perseguição política e a necessidade de “limpeza moral” no país.
A liturgia, embora religiosa, não escapou de carregar uma forte crítica social. Frases como “a verdade liberta” e “não há justiça sem fé” ecoaram entre os fiéis e simpatizantes presentes. O tom era de resistência, mas também de esperança.
Enquanto o padre conduzia a missa, era visível a emoção nos rostos dos presentes. Muitos com os olhos marejados, mãos erguidas e corações voltados ao céu, clamavam pela cura de seu líder político. Um verdadeiro culto ao que consideram um símbolo de sua luta.
Outro elemento que prendeu a atenção foi a diversidade entre os participantes. Jovens, idosos, famílias inteiras e até curiosos que passavam pelo local pararam para acompanhar a celebração. O evento não era apenas um ato religioso; era uma manifestação pública de apoio, união e fé.
Mesmo sem envolver palavras de ordem ou confrontos diretos, a missa se revelou uma forma sutil – mas poderosa – de protesto. A escolha do local, a frente de um hospital particular de alto padrão em Brasília, também não foi à toa. Ali, a visibilidade era garantida, tanto para os simpatizantes quanto para os meios de comunicação que rapidamente repercutiram o ato nas redes sociais e na mídia.
O vídeo da celebração já circula em diferentes plataformas digitais, acumulando milhares de visualizações e compartilhamentos. Muitos internautas elogiaram a atitude do padre, enquanto outros criticaram o uso da fé como instrumento político. A divisão de opiniões mostra que, mesmo em um momento de fragilidade, Bolsonaro continua sendo uma figura central na polarização política do país.
Do ponto de vista da comunicação política, esse tipo de manifestação é estratégico. Demonstra força, engajamento e mobilização da base bolsonarista, mesmo fora do período eleitoral. E, acima de tudo, reforça a imagem do ex-presidente como alguém perseguido, porém amparado por Deus e pelo povo.
A presença de Padre Kelmon na liderança do ato também não passou despercebida. Conhecido por seu perfil combativo e pela atuação durante as eleições, ele se consolida como uma figura importante no cenário da direita religiosa brasileira. Sua fala equilibrada entre espiritualidade e crítica social é calculadamente construída para impactar corações e mentes.
A simbologia da missa reforça ainda mais a narrativa de que Bolsonaro está em constante batalha – não apenas física, com sua saúde, mas também espiritual e moral. Seus apoiadores veem na doença mais uma provação, um desafio que, segundo eles, será superado com fé e oração.
No final da celebração, houve uma bênção especial direcionada a todos os líderes políticos do Brasil, com ênfase na “necessidade de justiça divina” sobre os rumos do país. Muitos dos presentes se ajoelharam, em silêncio, num momento de reflexão e súplica.
A missa por Bolsonaro ultrapassa o simples gesto religioso. Ela representa um movimento coordenado de apoio que mistura fé, política, identidade nacional e resistência ideológica. Não é apenas sobre a saúde de um homem, mas sobre o símbolo que ele representa para milhões de brasileiros.
Em tempos de desinformação e descrédito institucional, ações como essa ganham força por sua conexão direta com o emocional das pessoas. E enquanto o ex-presidente se recupera dentro do hospital, do lado de fora sua imagem continua sendo cultivada com devoção e fervor.
Esse episódio mostra que, mesmo afastado dos holofotes tradicionais, Jair Bolsonaro segue sendo um personagem central no imaginário popular. E com atos como o promovido por Padre Kelmon, a chama que alimenta seus apoiadores continua viva, reforçando laços que combinam espiritualidade, patriotismo e política.
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