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@samcastkg
Samuel Rodrigues, um jovem de 29 anos, teve sua vida transformada após um acidente que o fez perder parte significativa do rosto. Apesar dos desafios, ele encontrou na internet um espaço para compartilhar sua trajetória e, ao fazer isso, descobriu que poderia inspirar outras pessoas a se aceitarem como são.
O acidente aconteceu em 2012, durante um evento em Caldas Novas, no sul de Goiás. Samuel foi atingido por fogos de artifício enquanto trabalhava no local. As conseqüências foram devastadoras: ele perdeu o nariz, o palato superior, o maxilar e a visão do olho direito. Dez meses depois, passou por uma complexa cirurgia de reconstrução facial no Hospital das Clínicas, em Goiânia. O procedimento foi inédito no estado, marcando um avanço na medicina local.
Por muitos anos, Samuel evitou expor seu rosto publicamente, utilizando uma máscara para se proteger do julgamento alheio. Mas, três meses atrás, um momento inesperado mudou sua perspectiva. Durante uma transmissão ao vivo, ele apareceu sem a proteção e foi surpreendido pela recepção calorosa das pessoas.
“Eu achei que seria julgado, mas o acolhimento foi tão positivo que decidi continuar”, contou Samuel. Essa experiência lhe mostrou que sua história poderia ajudar outras pessoas a enfrentarem seus próprios desafios. Durante a live, um comentário o impactou profundamente: “Já imaginou quantas pessoas podem estar sofrendo porque você tem vergonha de mostrar o rosto?”. Essa reflexão o motivou a compartilhar mais sobre sua jornada.
Desde então, Samuel tem usado as redes sociais para levar mensagens de superação e autoestima. Com um jeito bem-humorado, ele viralizou ao publicar vídeos abordando sua rotina de forma leve e divertida. Em uma dessas publicações, onde tenta comer uma maçã, alcançou mais de 2,5 milhões de visualizações. Outro vídeo, no qual responde a um seguidor que perguntou como ele respira, conquistou mais de 3,5 milhões de acessos. Sua resposta bem-humorada? “Faço fotossíntese”.
Samuel explica que sempre foi extrovertido e brincalhão, e que usar o humor para lidar com sua aparência foi uma maneira de ressignificar sua experiência. “Se eu brincar comigo mesmo, as pessoas vão entender que estou bem com isso. Assim, ajudo outros a lidarem com seus próprios complexos”, afirmou.
Atualmente, Samuel está aposentado devido à perda da visão do olho direito e a limitação visual no olho esquerdo, que tem apenas 20% de funcionalidade. Ele mora em Trindade, Goiás, ao lado da esposa e do filho de 3 anos, e segue compartilhando sua história para encorajar outras pessoas.
O sonho de uma nova reconstrução
Apesar da aceitação de sua aparência, Samuel ainda tem o desejo de passar por uma nova cirurgia de reconstrução facial, não por questões estéticas, mas para melhorar sua funcionalidade respiratória. Atualmente, ele respira tanto pela boca quanto pela traqueostomia, já que perdeu a separação entre as regiões nasal e oral.
“O objetivo é reconstruir a estrutura do meu rosto, permitindo que eu tenha uma melhor qualidade de vida. Isso pode ser feito com próteses ou utilizando ossos de outras partes do corpo, como as costelas”, explicou.
No entanto, sua experiência com a primeira cirurgia foi extremamente traumática, o que o fez evitar novos procedimentos por muito tempo. Com apoio psicológico, ele conseguiu superar o medo e estava pronto para retomar as consultas, mas a pandemia adiou seus planos. Agora, ele aguarda o retorno das consultas ambulatoriais para dar continuidade ao tratamento.
“Foi um período muito doloroso. A equipe médica foi excelente, mas a recuperação foi difícil. Por um tempo, decidi me afastar dos consultórios. Mas, depois de acompanhamento psicológico, percebi que precisava dar esse passo. Infelizmente, a pandemia interrompeu o processo, mas estou pronto para retomá-lo assim que for possível”, contou Samuel.
A história de Samuel é um exemplo poderoso de resiliência e superação. Ao expor sua realidade sem filtros, ele mostra que a beleza vai muito além da aparência e que a verdadeira força está na capacidade de se aceitar e seguir em frente. Seu impacto nas redes sociais prova que compartilhar nossas vulnerabilidades pode ser uma forma de transformar vidas.