A inflação de alimentos em 2025 será um desafio significativo para o Brasil, com carnes, café e açúcar emergindo como os principais vilões. Especialistas do setor agropecuário indicam que essas commodities, essenciais na cesta básica, devem exercer forte pressão inflacionária, impactando diretamente o bolso do consumidor.
Commodities e Inflação: Panorama Geral
As commodities softs, como café, açúcar e leite, devem apresentar uma pressão intermediária sobre os índices inflacionários, enquanto os grãos, como soja e milho, têm projeção de estabilidade de preços. A expectativa é de que o cenário observe uma repetição de 2024, quando a inflação de alimentos se manteve resiliente, atrasando cortes no ciclo de juros pelo governo.
Dados do IBGE Reforçam o Cenário
De acordo com o IBGE, o grupo alimentação e bebidas registrou alta pelo quarto mês consecutivo. O aumento de 1,47% em dezembro de 2024 elevou significativamente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), representando 0,32 ponto percentual na taxa total de 0,34%.
Impacto das Proteínas na Inflação
As proteínas animais são apontadas como o maior impacto inflacionário para 2025. Gabriela Faria, economista da Tendências Consultoria, destaca um aumento de 16,6% nos preços das carnes pagos ao produtor, com repasses inevitáveis para os consumidores.
Além disso, o açúcar e o café também devem contribuir para uma inflação elevada devido às produções limitadas dessas commodities, aumentando a preocupação entre analistas.
Grãos: Um Alívio Moderado
Por outro lado, as projeções indicam que os grãos, como soja e milho, terão impacto neutro na inflação. As cotações devem permanecer estáveis, ajudando a equilibrar os custos gerais de alimentação.
Perspectivas Climáticas
Outro fator relevante é o impacto das condições climáticas nas lavouras de hortifrútis. A seca histórica registrada em 2024 comprometeu a produção, e a recuperação dependerá do acumulado de chuvas nos primeiros meses de 2025. O gerente da Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves, alerta que qualquer perda adicional poderá causar aumentos momentâneos nos preços desses itens.
A Influência do Câmbio
O câmbio desempenha papel fundamental na inflação de alimentos. Se o dólar permanecer acima de R$ 6, a pressão inflacionária será amplificada, dificultando o controle dos preços e forçando o governo a adotar políticas monetárias mais rígidas.
José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da MB Agro, enfatiza que a instabilidade fiscal e a falta de medidas concretas por parte do governo também contribuem para a insegurança do mercado, elevando ainda mais a pressão inflacionária.
Previsão para o IPCA Alimentos
A Tendências Consultoria projeta um aumento de 6,2% no IPCA alimentos em 2025, com risco de alta dependendo de fatores como câmbio, clima e demanda externa.
Conclusão
O cenário inflacionário para 2025 exige atenção redobrada, especialmente em relação às commodities que compõem a base da alimentação dos brasileiros. Proteínas, açúcar e café se destacam como itens mais preocupantes, enquanto grãos e hortifrútis apresentam variações que dependem de fatores externos, como clima e câmbio.
Adotar estratégias para mitigar os impactos inflacionários, como incentivar a produção local e monitorar políticas fiscais, será essencial para conter os aumentos de preços.
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