O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou cancelar todos os seus compromissos públicos no mês de julho por orientação médica. Segundo comunicado divulgado por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ele passa por um momento delicado de saúde, com agravamento de sintomas como vômitos, soluços e dificuldades para falar. O anúncio foi feito após uma nova crise enfrentada nesta terça-feira, dia 1º, que o impediu de comparecer a um evento político do PL em Brasília.
A recomendação de repouso absoluto veio após uma consulta de urgência. Ainda segundo Flávio, as crises têm se tornado frequentes e severas a ponto de comprometer a capacidade de seu pai de se comunicar verbalmente. Além da ausência em Brasília, também foram suspensas as viagens previstas para os estados de Santa Catarina e Rondônia.
O mal-estar do ex-presidente não é algo isolado. Ele vem enfrentando episódios recorrentes de indisposição, muitas vezes associados às complicações resultantes do atentado a faca sofrido em 2018, durante a campanha eleitoral. Desde aquele episódio, Bolsonaro tem convivido com uma série de problemas de saúde, especialmente relacionados ao sistema digestivo.
Em junho, ele chegou a ser avaliado com suspeita de pneumonia viral. Desde então, as manifestações clínicas como soluços constantes, arrotos e vômitos se intensificaram. O próprio ex-presidente compartilhou em sua rede social uma notícia confirmando o cancelamento da agenda oficial, embora não tenha feito comentários adicionais na publicação.
Carlos Bolsonaro (PL-RJ), vereador e também filho do ex-presidente, se pronunciou com indignação nas redes. Em sua publicação, afirmou que o pai está “literalmente se matando depois de terem tentado matá-lo”, em clara referência à tentativa de assassinato sofrida anos atrás. Carlos também mencionou que Bolsonaro passou recentemente por uma cirurgia longa e complexa, realizada em um intervalo inferior a dois meses.
No dia 20 de junho, Bolsonaro precisou cancelar compromissos em Goiânia após participar de um churrasco. Na ocasião, já se queixava de mal-estar, o que culminou em novas ausências. Mesmo assim, ele viajou a Belo Horizonte (MG) no dia 26, onde participou de um evento político acompanhado de apoiadores como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o deputado estadual Bruno Engler (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG).
A insistência em comparecer a compromissos, mesmo doente, tem preocupado tanto a família quanto seus aliados políticos. A persistência dos sintomas reforça a gravidade das sequelas deixadas pelo atentado de 2018. Em entrevistas passadas, Bolsonaro chegou a declarar: “Eu vomito 10 vezes por dia”, revelando o quanto os problemas estomacais afetam sua rotina.
Desde o ataque, ele já passou por seis cirurgias. A mais recente, realizada em abril de 2025, foi uma laparotomia exploradora – procedimento cirúrgico que teve como objetivo tratar uma obstrução intestinal. Esse tipo de intervenção é considerado invasivo e exige um tempo de recuperação considerável, o que pode justificar o atual estado clínico do ex-presidente.
A saúde de Bolsonaro voltou a ser pauta nacional, tanto pela intensidade dos sintomas quanto pelo impacto político causado pelos cancelamentos de suas agendas. Seu afastamento do cenário público reacende discussões sobre sua capacidade de manter um ritmo intenso de atividades, especialmente com as eleições municipais se aproximando e sua influência ainda sendo um trunfo para o Partido Liberal em diversas regiões do país.
Analistas políticos destacam que a imagem de Bolsonaro ainda é um fator de mobilização, sobretudo entre seus apoiadores mais fiéis. No entanto, com a saúde cada vez mais frágil, há incerteza sobre como ele poderá contribuir nas articulações do partido nos próximos meses. Para muitos, a prioridade agora deve ser a recuperação total, mesmo que isso implique se afastar temporariamente dos holofotes.
O atual cenário demonstra que as consequências do atentado de 2018 continuam presentes não apenas na vida pessoal de Bolsonaro, mas também no contexto político brasileiro. A necessidade de repouso absoluto durante o mês de julho marca um novo capítulo em sua trajetória, reforçando os desafios que ele ainda enfrenta para manter sua presença ativa na política nacional.
Enquanto isso, o público e os aliados aguardam atualizações sobre sua recuperação, torcendo por uma melhora significativa. Até lá, o ex-presidente deverá permanecer recluso, priorizando o cuidado com a saúde e o tratamento das sequelas que ainda persistem após tantos anos.