Vaquinha cancelada: Alpinista que resgatou corpo de Juliana não vai receber

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A história de Juliana Marins comoveu o Brasil. A jovem brasileira, de apenas 26 anos, desapareceu durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, e, após quatro dias de buscas intensas, foi encontrada sem vida. O responsável pelo resgate do corpo foi o alpinista voluntário Agam, um herói local que enfrentou condições difíceis para trazer Juliana de volta à sua família.

O gesto tocou milhares de pessoas no Brasil. Sensibilizados com a atitude do alpinista, brasileiros se mobilizaram para criar uma vaquinha online com o objetivo de homenageá-lo. A arrecadação cresceu rapidamente, superando a marca dos R$ 500 mil em poucos dias. O valor, quando convertido para a moeda local, representa uma quantia extremamente significativa.

Apesar da nobreza da causa, uma controvérsia inesperada surgiu. A plataforma responsável pela campanha, o site VOAA, anunciou que cobraria uma taxa de 20% sobre o valor arrecadado. A revelação pegou os doadores de surpresa e rapidamente provocou uma onda de críticas nas redes sociais.

Muitos alegaram que a taxa não havia sido explicitada no momento da doação. Diversos internautas se disseram enganados, acreditando que 100% do dinheiro seria destinado ao alpinista. As reações foram intensas. “Se a causa é tão nobre e o texto dizia que todo o valor iria para o Agam, por que cobrar uma taxa tão alta?”, questionou uma usuária indignada.

O descontentamento se espalhou pelas redes sociais. Comentários exigindo mais transparência e cobrando ética da plataforma passaram a inundar as publicações do VOAA. A situação saiu do controle quando celebridades e influenciadores também começaram a criticar publicamente a cobrança.

Diante da repercussão negativa e do aumento nas mensagens de repúdio, o VOAA decidiu tomar uma atitude radical. Em nota oficial, a empresa comunicou o cancelamento imediato da vaquinha e afirmou que todas as doações seriam devolvidas automaticamente aos contribuintes.

A justificativa, segundo o comunicado, foi o volume de “ataques, ameaças, informações falsas e mensagens de ódio” recebidas, o que teria desvirtuado o objetivo original da campanha. O site ainda admitiu que a comunicação sobre a taxa administrativa poderia ter sido mais clara e transparente.

A decisão, no entanto, não apaziguou os ânimos. Pelo contrário: o cancelamento gerou ainda mais indignação. Muitos viram o ato como uma punição ao próprio alpinista, que agora não receberá nenhum valor, mesmo tendo desempenhado um papel essencial e arriscado no resgate do corpo de Juliana.

No Instagram da empresa, as críticas se intensificaram. “Meu Deus, que absurdo”, lamentou a cantora Simony. Outros internautas chamaram a atitude de “infantil” e “irresponsável”, apontando que o alpinista não tinha pedido a arrecadação, mas acabou sendo envolvido em uma polêmica que não era dele.

Uma usuária foi direta: “Vocês foram atrás dele, ele nem queria. Agora que ele está com expectativa, vocês cancelam porque não aguentam críticas?”. Comentários como esse expressam o sentimento geral de frustração. Para muitos, a melhor solução teria sido entregar o dinheiro ao alpinista, já que a campanha havia sido motivada por gratidão e solidariedade.

O episódio escancara uma discussão mais ampla sobre a forma como plataformas de arrecadação lidam com taxas administrativas e transparência na comunicação com os doadores. Ainda que essas taxas possam ser justificadas como parte dos custos operacionais, é essencial que estejam claras desde o início.

Além disso, o caso levanta questionamentos sobre a responsabilidade das empresas diante de causas sensíveis. Quando o motivo da vaquinha envolve dor, luto e solidariedade, qualquer erro na condução pode se transformar rapidamente em crise.

A história que começou com um gesto nobre terminou marcada por polêmica e insatisfação. O alpinista Agam, que dormiu ao lado do corpo de Juliana para garantir que ela voltasse para casa, se tornou o centro de uma disputa que jamais buscou. E os brasileiros, que só queriam agradecer, agora aguardam o reembolso — com o coração apertado por não ver a ajuda chegar a quem de fato merecia.

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