Um caso inacreditável e ao mesmo tempo perturbador chocou a cidade de Manaus e ganhou repercussão em todo o país. Um homem de 42 anos foi preso em flagrante após tentar levar o corpo do próprio avô, já sem vida, a uma financeira com o objetivo de conseguir um empréstimo. A situação, que mais parece cena de um filme macabro, aconteceu na região central da capital amazonense e levantou suspeitas de estelionato, profanação de cadáver e até homicídio.
Tudo começou quando pessoas que estavam na rua notaram algo estranho. Um homem empurrava uma cadeira de rodas com um idoso aparentemente inconsciente, imóvel, em pleno calor de Manaus. A postura rígida do idoso chamou a atenção e levou os populares a acionarem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Ao chegarem ao local, os socorristas constataram o óbvio: o idoso estava morto.
A Polícia Militar foi imediatamente acionada. O homem alegou que estava levando o avô, de 77 anos, para solicitar um empréstimo em uma instituição financeira, e que precisava do dinheiro para comprar produtos de higiene e alimentos. No entanto, a explicação não convenceu as autoridades, que abriram investigação para apurar a real motivação por trás do ato.
Segundo Alessandro Albino, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, o perito confirmou que o corpo apresentava rigidez cadavérica, o que indica que a morte não havia ocorrido minutos antes, mas sim há algumas horas. No entanto, apenas os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e da perícia criminal poderão determinar com precisão o horário do óbito, bem como se houve ou não algum tipo de violência.
Além disso, o corpo do idoso apresentava algumas lesões e feridas, o que inicialmente gerou preocupação. Contudo, uma análise preliminar aponta que essas marcas podem ter origem em problemas de saúde anteriores. A vítima era hipertensa, diabética e usava bolsa de colostomia, o que pode explicar algumas das lesões encontradas.
O caso ganha contornos ainda mais tristes quando se descobre que o idoso vivia isolado. Um dos filhos da vítima contou à polícia que não via o pai desde novembro do ano anterior, quando o neto — agora preso — teria se oferecido para cuidar dele em sua própria casa. Desde então, a família não teve mais contato com o idoso, o que levanta suspeitas sobre os cuidados que ele vinha recebendo.
Há ainda relatos de testemunhas que afirmam ter visto o homem utilizando o corpo do avô para pedir dinheiro nas ruas. A cena, segundo essas pessoas, acontecia nas proximidades do centro de Manaus. Essas denúncias reforçam a suspeita de que o crime pode ter sido premeditado e o corpo usado como meio para obter lucro ilícito.
As autoridades trabalham com várias linhas de investigação. Entre elas, está a possibilidade de estelionato, caso o homem tenha tentado fraudar o sistema financeiro com documentos do avô. Também não está descartada a hipótese de profanação de cadáver ou mesmo homicídio, caso fique provado que o neto tenha contribuído direta ou indiretamente para a morte do idoso.
O caso lembra outro episódio recente, que ocorreu no Rio de Janeiro em abril do ano passado. Na ocasião, uma mulher levou o corpo do tio até uma agência bancária para tentar sacar um empréstimo. A semelhança entre os dois casos reforça o alerta para crimes envolvendo vulneráveis e idosos, que muitas vezes acabam sendo explorados por pessoas próximas em situações desesperadoras ou criminosas.
Enquanto os laudos definitivos não são divulgados, o homem segue preso, à disposição da Justiça. A Polícia Civil segue investigando o caso com cautela, pois trata-se de uma situação que envolve não só a suspeita de fraude, mas também a violação da dignidade de uma pessoa já falecida.
Esse tipo de caso nos convida a refletir sobre questões éticas, morais e sociais. O abandono familiar, a precariedade dos cuidados com idosos e a exploração de pessoas vulneráveis são realidades que não podem ser ignoradas. É preciso discutir com seriedade as medidas de proteção a esse público e reforçar os mecanismos de fiscalização para prevenir que situações tão absurdas quanto essa se repitam.
Para os leitores, fica o alerta: é essencial manter contato frequente com familiares idosos, acompanhar sua saúde e bem-estar e denunciar qualquer situação suspeita às autoridades competentes. Casos como esse mostram que, infelizmente, o absurdo pode estar mais próximo do que imaginamos.