Silêncio. Esse foi o sentimento que tomou conta de muitos corações logo nas primeiras horas da manhã, quando a notícia começou a se espalhar. Um artista amado, reconhecido por seu talento e carisma únicos, nos deixou. A confirmação chegou de forma discreta, mas o impacto foi profundo. Quem o conheceu, pessoalmente ou de longe, sentiu como se uma parte da música brasileira tivesse partido junto com ele.
Foram décadas emocionando plateias, trazendo à tona lembranças de uma era dourada da música nacional. Seu rosto era familiar, sua voz tocava fundo, e sua presença marcava qualquer ambiente por onde passava. Bastava uma canção, um gesto ou um olhar, e o público era imediatamente transportado para um momento especial da vida.
Durante muito tempo, ele foi confundido com uma das maiores lendas vivas da música brasileira. E havia bons motivos para isso. Sua aparência, os trejeitos, a forma de cantar — tudo nele remetia ao Rei. A semelhança era tamanha que muita gente jurava de pés juntos que se tratava do próprio. E ele não fazia questão de corrigir de imediato. Sabia do impacto que causava e, com elegância, deixava o mistério no ar.
Sua ligação com o público era algo raro. Nas apresentações, bastava subir ao palco para que os olhos da plateia brilhassem. A emoção tomava conta do ambiente, e não eram poucas as vezes em que se via gente chorando ou cantando em uníssono. Era como reviver momentos inesquecíveis ao lado de um ídolo — e ele proporcionava isso com amor e entrega.
Casado há mais de 50 anos com sua fiel companheira, ele vivia de forma simples, mas rodeado de lembranças e histórias incríveis. Um verdadeiro altar da música tomava conta de seu lar, com fotos, recortes e memórias de uma vida dedicada à arte. Um símbolo de paixão e dedicação que poucos artistas conseguem sustentar por tanto tempo.
Foi nesse cenário de amor à música que ele passou seus últimos dias. A notícia de sua partida foi confirmada pelo repórter Lucas Sarzi, de forma serena, sem alarde. Amigos próximos disseram que ele se foi em casa, cercado daquilo que sempre valorizou: a família, a música e a paz.
Somente agora, muitos começam a perceber quem era, de fato, esse artista misterioso. Seu nome era Luiz Carlos Chacon de Oliveira, mas ficou eternizado como o Roberto Carlos de Curitiba. Um cover tão perfeito que, durante 50 anos, confundiu corações e mentes com seu talento extraordinário.
Morador do tradicional Edifício Tijucas, no centro da capital paranaense, Luiz Chacon viveu boa parte da sua vida como um tributo vivo ao Rei. Mas sua arte ia além da imitação. Ele não apenas reproduzia os gestos e as músicas: ele sentia, interpretava, e transmitia tudo com verdade. Era como se ele canalizasse a alma do próprio Roberto Carlos.
Em 2021, concedeu uma entrevista emocionante no 29º andar de seu prédio. Em um bate-papo com a Banda B, mostrou com orgulho as paredes cobertas por retratos, recordações de encontros com o ídolo original e relíquias de uma carreira marcada por respeito e emoção. Lá estavam ele, sua esposa Valquíria e a filha Débora — os pilares de sua vida.
Amigos próximos usaram as redes sociais para prestar homenagens comoventes. Um deles escreveu: “Fará muita falta em Curitiba e na Boca Maldita. Suas memórias e seu carinho ficarão para sempre. Obrigado por sua amizade. Vá em paz e que Deus o receba de braços abertos.”
Outro lembrou que todas as vezes que Roberto Carlos vinha à cidade, Chacon era recebido com carinho nos bastidores. Não era apenas mais um fã — era parte da história. Sua dedicação e o respeito com que homenageava o Rei fizeram dele um símbolo de amor pela música.
A sobrinha também publicou um tributo emocionante: “Com pesar noticiamos o falecimento do tio Chacon, o último irmão ainda vivo do papai. Agora a mesa no céu está completa.”
Ainda não há informações oficiais sobre o velório ou o sepultamento, mas o luto já se espalhou. Para muitos, ele era mais do que um cover: era o próprio espírito da música personificado em alguém comum, simples, acessível, mas absolutamente grandioso no que fazia.
Seu legado vai muito além das canções. Luiz Chacon ensinou o poder da dedicação, da paixão por aquilo que se faz e do respeito ao público. Ele transformou a vida de quem cruzou seu caminho, deixou uma marca indelével em Curitiba e será lembrado como uma lenda.
Mesmo após sua despedida, sua voz continuará ecoando na memória dos que tiveram o privilégio de ouvi-lo. Não se tratava apenas de parecer com Roberto Carlos. Luiz Chacon era único. E, para Curitiba, ele será eternamente o nosso Rei.
