O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a adotar um tom firme e direto ao criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamando-o de “mentiroso” e acusando sua gestão de ser marcada por omissão, desprezo ao povo e desrespeito às instituições democráticas.
Durante um evento oficial no Maranhão, Lula não poupou palavras ao afirmar que Bolsonaro governava com base na mentira e no ódio. Segundo ele, o ex-presidente não demonstrava interesse em dialogar com lideranças políticas, sociais ou acadêmicas, nem em atender às reais necessidades da população brasileira.
O petista foi além das críticas pessoais e apontou falhas graves de gestão durante a pandemia da Covid-19, responsabilizando Bolsonaro e parte do setor médico por milhares de mortes evitáveis. Ele classificou como criminosa a postura de quem recomendava remédios ineficazes e espalhava desinformação sobre as vacinas.
“Um povo nunca vai avançar com um presidente que governa baseado em fake news, em mentiras e no desrespeito às autoridades locais, como governadores e prefeitos”, afirmou Lula. “Nós tivemos alguém que não gostava de conversar com ninguém, não respeitava negros nem brancos, não governava para o povo. Só sabia falar mal das pessoas.”
Em meio ao discurso inflamado, Lula também cobrou um papel mais ativo da imprensa. Para ele, os meios de comunicação devem não apenas informar, mas acompanhar e fiscalizar de perto as ações do governo, garantindo que obras sejam entregues e promessas cumpridas.
Além de confrontar o legado de Bolsonaro, Lula aproveitou o momento para defender o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que foi recentemente indiciado pela Polícia Federal. O presidente ressaltou que todos têm direito à defesa e que não se pode condenar alguém sem o devido processo legal. “As instituições existem para apurar, mas não podemos nos antecipar à justiça”, declarou.
Ainda sobre a pandemia, Lula foi categórico ao dizer que o Brasil viveu uma das fases mais tristes da sua história, não apenas pelo vírus em si, mas pela forma irresponsável com que o governo anterior lidou com a crise. Segundo ele, a negligência e o negacionismo contribuíram para que mais de 700 mil brasileiros perdessem a vida. “Foi uma tragédia agravada pela má gestão, pela venda de falsas curas e pelo medo que criaram em torno da vacina.”
Para ilustrar o absurdo das falsas promessas, ele lembrou uma das falas mais polêmicas de Bolsonaro sobre o imunizante: “Tinha gente dizendo que quem tomasse a vacina viraria jacaré. Isso não é só desinformação, é uma afronta à inteligência do povo brasileiro”, disparou.
O discurso de Lula também teve como objetivo reforçar seu compromisso com a reconstrução do Brasil. Ele destacou que está visitando os estados, ouvindo a população e retomando projetos que foram paralisados ou abandonados. “A minha missão é governar para todos. Para o povo do Maranhão, do Sul, do Norte, para quem votou em mim e para quem não votou também”, disse.
O pronunciamento ocorreu no dia 21 de julho de 2023, em São Luís, capital do Maranhão, durante o anúncio de uma série de investimentos federais no estado.
Outro ponto importante abordado foi a transparência. Ao cobrar a imprensa, Lula também sinalizou disposição para ser fiscalizado. “Eu quero que vocês me cobrem. Quero que os jornalistas estejam atentos, que mostrem se as obras estão andando, se o dinheiro está chegando onde tem que chegar. Isso é democracia funcionando.”
Esse tipo de narrativa fortalece a imagem de um governo mais próximo do povo e disposto ao diálogo. É uma estratégia clara de diferenciação em relação ao estilo isolacionista atribuído a Bolsonaro durante seu mandato. Lula tenta mostrar que está acessível, aberto às críticas e pronto para corrigir o que for necessário.
Ao se colocar como um presidente que governa com o povo e para o povo, Lula busca reconstruir pontes com setores que ficaram afastados da política nos últimos anos. Ele também sinaliza que não irá tolerar omissões nem retrocessos, seja na saúde, na educação ou em qualquer outra área essencial ao bem-estar dos brasileiros.
Com esse discurso, Lula deixa evidente que pretende marcar sua gestão pela responsabilidade e pelo enfrentamento direto das mentiras que circularam nos últimos anos. Ao confrontar de forma firme o passado recente, ele também tenta pavimentar o caminho para uma nova etapa na política nacional, onde a verdade e a ação concreta substituam o discurso vazio e a polarização destrutiva.
A fala em São Luís não foi apenas um ato político, mas uma mensagem clara: o governo atual pretende seguir com firmeza, comprometido com a reconstrução do país e disposto a enfrentar qualquer tentativa de retrocesso. Lula deixa claro que está no comando e que, desta vez, o povo será prioridade.